AS LOOKING FOR THE RIGHT CHANNEL
Exposição Individual de Sofia Yala
Se o livro desenha os traços da história, memoriza também o espaço presente que ocupa. A imagem no livro é documentação organizada; o livro, arquivo de imagens; a sala com o livro, reformulação das imagens memorizadas. Narra convenções sólidas, e definições de inteligência, beleza, civilizado e ordinário. Narra enquanto a cortina de seda corta a luz quente do sol e ouve o esguichar de água no pátio do prédio. São quatro pessoas e as suas sombras desconhecidas a refletir como ondas na parede central. Pegam nos álbuns, da mesa do centro, e passeiam silenciosas pelo vazio que uma história conta / pela intimidade total antecedente.
[Transmissão falhada.]
Se o livro desenha os traços da história, memoriza também o espaço presente que ocupa. A imagem no livro é documentação organizada; o livro, arquivo de imagens; a sala com o livro, reformulação das imagens memorizadas. Ao alto, longe, vê-se uma caixa que grita num som grave e arbitrário. E proporciona a dicotomia do corpo que se esforça por ajustar a frequência ou simplesmente aceitar a fluidez disforme. A altura é parte da imagem e documenta a sala em som. E repete-se o caminho de numerosas tentativas de enviar novos sinais para alcançar a fluidez mencionada e desprender o corpo de definições dominantes.
[Transmissão falhada.]
O espaço presente que ocupa é um retrato do agente que trouxe o livro, para o espaço presente que ocupa. O espelho é retrato do corpo agente e do espaço ao redor. Para servir o espelho basta calcular o ângulo da mão e da sombra da mão. E uma vez capturado o reflexo do retrato do corpo…..
[Transmissão falhada.]
A exposição as looking for the right channel de Sofia Yala acontece no EGEU como um desdobramento do livro There is no Signal, escrito e editado também pela artista em Londres, 2021.
Sofia Yala (Lisboa,1994) é uma fotógrafa angolana/portuguesa. A artista tem uma formação em Estudos Africanos e Antropologia e concluiu um mestrado em Cinema e Fotografia na Universidade de Derby em 2021. A prática de Yala baseia-se em material de arquivo combinado com encontros inesperados, explorando a narração de histórias intercaladas em diferentes tempos, texturas e camadas. O seu trabalho considera a (des)construção da identidade como um corpo diaspórico ou transatlântico num mundo imenso e complexo. O processo material é baseado na fotografia, mas Sofia gosta de testar e apresentar o seu trabalho com o meio fotográfico juntamente com outros formatos e composições. Sofia presta especial atenção a pormenores como texturas e combinações, de modo a reformular memórias e experiências.
Atualmente, a artista tem vindo a desenvolver a sua prática, e outros projectos no seu estúdio em Derby, ao mesmo tempo que se prepara para apresentar obras de arte na 13ª Bienal Africana de Fotografia de Bamako, no final de 2022.
17 - 19 DEZ 22
Luzia Cruz