COMPASSO

Catarina Monteiro | Guilherme Vilhena | Luzia Cruz | Patrícia Rúbio
04.10.19

“And yet, if I consider this world itself, there is but a single indivisible beingthat does not change. Change presupposes a certain observation post where Iplace myself and from where I can see things go by; there are no eventswithout someone to whom they happen and whose finite perspective groundtheir individuality. Time presupposes a view upon time.”
Maurice Merleau-Ponty, “Time”, in Phenomenology of Perception

A exposição Compasso realiza-se no âmbito da inauguração do EGEU, traçando, desde logo, a linha crítica e experimental que este espaço procura explorar. Nesse sentido, o conjunto de obras apresentado assume a experiência do tempoatravés da descontracção de conceitos que lhe são inerentes, como a liberdade eo espaço.

A linha transversal a todas as possibilidades é o corpo - uma geografia temporal,o espaço onde se delineia um mapa vivo. Partindo-se do princípio de que adistância se mede em tempo mas não é sem ele, procurar-se-á, antes de mais,mostrar como o tempo remete sempre para o lugar. Numa primeira aproximação, a relação do tempo com o espaço é clara: um objecto, por exemplo, mede-se num primeiro olhar com a consideração da distância. Uma torre, um vulto em movimento, uma esquina, a pele - o espaço varia consoante aperspectiva.

Nenhum lugar, é, ainda assim, absolutamente tangível. Porque o tempo tem também um espaço próprio que define os seus objectos para lá do seu espaço original. O desenho, a memória, o vestígio, a palavra - os traços da ausênciafeitos em imagem demarcam também a silhueta de um corpo novo a explorar.

Angular Orbital, Adagio, Casa, O Tempo Liberta-nos. Do contentor de memórias aosvincos no antebraço, o espaço traça um tempo e o tempo traça um espaço.

A. Lenz