UM SÉCULO DE MOEDAS 
TEIA x EGEU















De 30.03 a 01.04 o EGEU apresenta Um Século de Moedas, um projecto-performance de carácter sónico organizado em conjunto com a RádioTEIA. A TEIA é um colectivo artístico composto por Adriana João, Hugo Januário, Van Ayres, Afonso de Matos, Vicente Mateus e HIFA. É também uma rádio online que promove diferentes artistas e diferentes tipos de som, com uma programação diversificada e aberta.

A parceria EGEU x TEIA fecha o ciclo sobre a paisagem que explora as tensões inerentes à fronteira entre a dimensão íntima e biográfica e a sua relação com a paisagem enquanto espaço trabalhável. Neste enquadramento propusemos a 16 artistas que desenvolvessem no período de um mês uma peça com base em dois excertos do Plano de Geral de Drenagem de Lisboa 2016-2020. O primeiro é referente à Solução B proposta no plano (ênfase em atenuação). O segundo é referente à Solução C (ênfase em desvio de caudais). Ambos constam do capítulo 10 – “Soluções Alternativas”.

A chamada “obra do século” destina-se a “controlar as águas pluviais e não só reduzir os riscos das cheias e inundações em Lisboa”, mas também a permitir “a reutilização das águas pluviais para rega de espaços verdes, reforço das redes de incêndio e lavagem de rua”, dando assim resposta a um problema estrutural da cidade de Lisboa.

Um Século de Moedas propõe um planeamento paralelo, ou mesmo complementar, pensando na paisagem sonora, tátil, que o corpo presencia à superfície, focando-se numa questão: é possível encontrar lugar para o corpo na substituição da paisagem envolvente pela prometida paisagem mais eficiente?  É face a isso que o mapeamento sonoro surge como única possibilidade: desenhar uma divisão – room, crowd, microphone and delay unit – onde a paisagem acontece apenas dentro do reflexo do imaginário colectivo, procurando expandir esse bloco de som através de mecanismos ondulantes. Esta performance procura ser uma “obra invisível”.

                     A velocidade de propagação das ondas sonoras depende do estado físico do meio envolvente. Assim, o meio define o som e o som descreve o espaço. O objeto resultante da gravação e/ou arquivação de tais ligações poderia ser entendido como paisagem urbana alternativa.

A capacidade das práticas sónicas de arquivarem evidências na cidade é uma forma de discutir o espaço individual e propor um mapa colectivo. Que influência/ presença tem o ruído nestas linhas? Uma proposta que reflete a unanimidade entre um arquivo emocional e o desenho urbano.

Uma paisagem sem futuro delimitada pela utopia de uma cidade funcional. O que acontece aos destroços? E se imaginarmos o corpo a ocupar dois lugares simultaneamente, a ocupar uma paisagem isolada extensível ao tamanho da imaginação e a ocupar uma paisagem ilimitada do tamanho de uma mão? E no processo de reconstruir: a máquina flutuará? 



                                                                                    Luzia Cruz